Engavetamento com 270 carros na Imigrantes


São Bernardo do Campo - Cerca de duzentos e setenta veículos se envolveram ontem no maior engavetamento em número de carros da história do Sistema Anchieta-Imigrantes. O acidente deixou um morto e 51 feridos, sendo dois em estado grave.
A série de colisões começou por volta das 12h45, na altura do km 41, na Represa do Alvarenga, em São Bernardo do Campo, sentido São Paulo. Houve batidas em um raio de 2 km. A Polícia Militar culpou a neblina - a visibilidade era de 10 metros em alguns trechos.
Após o engavetamento, a Imigrantes foi interditada até as 14h30, quando uma faixa foi liberada no sentido Capital. Às 17h10, a pista sul da Imigrantes foi invertida (subindo) para aliviar o trânsito da Anchieta. Mas o trânsito seguiu complicado no sistema até o início da noite - comboios saíam para o litoral a cada 30 minutos.
Os trabalhos de resgate só foram concluídos às 17h15. Segundo o comandante do Batalhão da Polícia Militar do ABC paulista, Roberval França, a limpeza e perícia da área só deverá ser concluída hoje. Ontem, a viagem de São Paulo até o litoral, pela Anchieta, demorava quatro horas e a lentidão no pico da tarde atingia vias principais da Capital, incluindo as Avenidas dos Bandeirantes e Cupecê, na zona sul.
No momento do acidente, havia dificuldades de visibilidade desde a beira da Represa Billings. Houve também uma série de pequenas colisões no Rodoanel Mario Covas até o Sistema Anchieta-Imigrantes. Desde o km 18 havia dificuldades para os motoristas naquela via.
Ainda não se sabe o que motivou a primeira batida. Mas motoristas relataram que a neblina já causava um “comboio informal” no trecho, quando alguns veículos ainda procuravam seguir a uma velocidade maior. “Podemos dizer que o principal motivo foi a neblina, que baixou muito rápido. A visibilidade era só de dez metros”, ressaltou França.
Segundo ele, foram várias batidas na sequência. A mais grave envolveu um ônibus e um caminhão-tanque que carregava álcool e explodiu. Outras duas carretas de combustível e pelo menos sete caminhões com produtos perigosos se envolveram nas colisões mais graves.
Não houve tempo de reação, como relatou o comerciante Leandro Alves, 27 anos. “Quando vi, começaram as batidas. Parei e o caminhão do meu lado estava pegando fogo. Eu saí correndo para o acostamento e logo depois uma série de carros veio atrás e bateu no meu.”
No fim da tarde, a cena ainda era de desespero na pista, com centenas de pessoas no acostamento, debaixo de chuva e a uma temperatura de 14ºC. “Estou parado aqui desde as 13h. Não me envolvi no acidente, mas não consigo fazer nada. Fiquei sem celular e não consigo chamar o guincho”, disse o empresário Valdir Moreira, 37 anos, que seguia de Santo Amaro para uma reunião no litoral. Como ele, muitos ficaram sem socorro - até quem conseguiu pedir apoio: os bloqueios detiveram centenas de guinchos ainda no trecho de planalto.
Nevoeiro atrapalhou trabalho das equipes de resgate
O atendimento às 51 vítimas do engavetamento na Imigrantes foi prejudicado pelas condições climáticas. A neblina dificultou até a chegada de ambulâncias no local, o uso do helicóptero Águia da PM e também a volta com feridos para os hospitais. Segundo os envolvidos, o fato de os veículos estarem em velocidade reduzida foi o que reduziu o número de vítimas: houve o registro de apenas uma morte.
No acostamento após a série de batidas, um caminhoneiro e o filho, chorando, sem se identificar, relataram que só houve tempo de sair do veículo, antes de uma batida por trás e de uma explosão. O mesmo não aconteceu em outro caso: ao parar no engavetamento, o motorista de um caminhão-tanque não teve tempo de deixar o veículo. Uma batida na sua traseira levou à explosão dos dois veículos. Até o início da noite, não havia mais informações sobre a vítima, que foi carbonizada.
Para o resgate das vítimas foram mobilizados 43 homens e 17 viaturas do Corpo de Bombeiros, além de 60 carros da Ecovias, 60 da PM e 38 equipes da Polícia Rodoviária. As prefeituras de Santos, Cubatão, São Vicente e São Bernardo do Campo também enviaram equipes de socorro e unidades do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A maioria foi atendida no local do acidente.
A rede de saúde de Cubatão foi a que recebeu mais vítimas: 15 no total. Duas estavam em estado grave no pronto-socorro da cidade.
Neblina frequente na região
A região onde aconteceu o maior acidente em número de veículos envolvidos na rodovia dos Imigrantes desde 1998 tem nevoeiros com frequência nesta época do ano.
Nos últimos dez anos, pelo menos três engavetamentos durante neblina intensa ocorreram próximos ao local do acidente de hoje e na mesma época do ano -de agosto a outubro.
Em cada um deles uma pessoa morreu. No maior deles, em 2002, 21 carros e dez caminhões se envolveram num engavetamento no km 7 da interligação Imigrantes-Anchieta.

Fonte:  http://www.jcnet.com.br/noticias.php?codigo=220887

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